O lema do segundo governo de Dilma Rousseff era ‘Pátria Educadora’, mas o que temos de fato é uma pátria ignorante – ignorante é aquele que não sabe que não sabe. Assim como existe o socrático, que sabe que nada sabe, existe o ignorante, que não sabe que nada sabe. Isso é diferente de ser burro – com o perdão ao fiel animal – pois o burro não sabe que não sabe e não aprende o que poderia saber. O ignorante pode sair da sua ignorância, basta querer.
Nossa educação formal não educa, em nenhum nível. No máximo, conseguimos ensinar competências técnicas que permitem aos escolarizados desempenharem ações de relativa e alta complexidades. Quando tais ações são bem remuneradas, seja para o próprio indivíduo, seja para o seu empregador, as coisas funcionam bem e criam situações de excelência técnica. Daí que temos alta tecnologia de informação para sistemas bancários e medicina de ponta. Daí que não temos inteligência policial para a segurança pública nem medicina de família ou sanitarista. OK, vão dizer que temos… Ter, temos. Funciona? Não, não funciona.
Com a educação dá-se o mesmo. Temos as duas pontas e um oceano vazio entre elas. E nossa educação, mesmo que capacite um super cirurgião ou um mega nerd, não o ajuda o pensar e avaliar alternativas por si mesmo. Somos sempre manada, com comportamentos estúpidos e atabalhoados. E estamos na beira do precipício.
Hoje, no Brasil, é um problema falar em escola ensinar a pensar, porque recentemente os programas que visavam o pensamento vieram embasados na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt e Paulo Freire. São pensamentos que advogam para si a luz capaz de libertar o outro do jugo a que se encontra submetido, sabendo o outro disso ou não. Escola Sem Partido é uma resposta a Paulo Freire e à Teoria Crítica. E é também uma estupidez, estando um degrau abaixo da ignorância, porque não existe nada sem partido ou sem ideologia.
O resultado deste caldo é o que vemos hoje, na atual campanha eleitoral: um punhado de barulhentos acreditando ser possível “mudar isto tudo que está aí” com bravatas balísticas vazias, outro punhado de também barulhentos querendo usar as urnas como absolvição para decisões da Justiça Criminal. Chegamos ao ápice de criticar um vídeo da Embaixada da Alemanha que mostrava a aberração que foi o Nazismo, com base no argumento de que um partido chamado Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães não pode ser de extrema direita tendo as palavras socialista e trabalhadores no seu nome. Uma pessoa que faz isso é quase um analfabeto funcional, pois toma as palavras com o contexto que conhece hoje e não consegue entender o que de fato aconteceu na história.
Não é só ignorância. É também mais profundo, e pior, do que ignorância.