Ontem, 4/10/2018, noite de domingo, a TV Record finalmente conseguiu seu intento: igualou-se à TV Globo.
Durante o debate da Globo com os candidatos a presidente, a Record exibiu uma entrevista com um dos candidatos, Jair Bolsonaro. Tratado desde a primeira pergunta como ‘candidato’ pelo repórter, Bolsonaro respondeu como candidato. O repórter fez poucas perguntas, abertas e pouco objetivas, e o entrevistado respondeu longamente, sem nenhum interrupção nem contestação por parte do repórter – nem mesmo quando afirmou que não há vídeos que provando que ele disse o que os adversário dizem que ele disse e ele nega ter dito.
Enfim, 29 anos depois, em 2018, a Record iguala a Globo de 1989.
Em 1989, usando imagens de um debate com candidatos a presidente, a Globo exibiu uma edição francamente favorável a Collor, em detrimento de Lula. Era quase véspera da votação, não houve tempo de exibir outra e apenas anos depois a Globo veio a admitir o erro.
Em 2018, a Record chegou lá: na mesma semana em que seu proprietário declarou publicamente apoio a Bolsonaro, o candidato falou sozinho, e não haverá tempo para nenhum outro falar do mesmo modo.
A entrevista com Bolsonaro no Jornal da Record é a edição do debate favorecendo Collor no Jornal Nacional. Ontem como hoje, certamente amanhã também. O fundo do poço é sempre um alçapão a nos jogar mais para baixo.